Estamos em Ponche Verde. Dois exércitos estão em armas. Um deles está coberto pela bandeira auriverde do Brasil. O outro, desfralda aos ventos o pavilhão tricolor da República Rio-grandense. E lá, junto a eles, estão dois homens, dois homens na expressão mais ladina da palavra. Um deles é Luiz Alves de Lima e Silva, general e barão. Mais tarde viria a ser marechal e duque. O outro é David Canabarro. Ao nome só pode juntar um título de fidalguia: gaúcho. Esses dois homens, nesse encontro, selaram o mais importante documento assinado por corações brasileiros, em todas as épocas e em todas as circunstâncias – a unidade do Brasil.
Junto à barraca de Canabarro, todavia, no topo de um alto mastro, ainda se agitava, batida pelo vento do sul, a bandeira de Piratiny. Aquela mesma que fora testemunha de todos os grandes acontecimentos da República Riograndense. Que servira de pendão nos combates e símbolo nas solenidades. Que assistiu às sessões da Assembléia Constituinte. Nas lutas memoráveis que presenciou, cobriu-se do pó das estradas e do fumo dos canhões. Palpitou, vibrante, aos ventos do mar alto e desbotou-se ante as chuvas de inverno. Foi rasgada pelas espadas adversárias e mil vezes mutilada pelas balas inimigas. E sempre ereta, e sempre galharda. E sempre imponente e sempre majestosa se conservara, como naquele derradeiro instante de sua significação.
Canabarro, comandante em chefe do exército farroupilha, na sua última ordem dessa qualidade, ordena o arreamento do pavilhão invicto. Caxias, no seu mais fidalgo gesto, como homenagem à bravura e à lealdade dos seus antigos contendores e, agora, seus amigos e companheiros de armas, transmite a primeira ordem como comandante de todas as tropas que ali se acham: “Sentido!”
E, quando, devagar, majestosamente, solenemente, imponentemente, a bandeira tricolor vai descendo do seu alto mastro, enquanto os clarins vibravam e os tambores rufavam, Canabarro e Caxias, profundamente emocionados, apertam-se as mãos leais, num gesto simbólico da união indissolúvel entre os filhos desse Brasil imenso, imenso e lindo, lindo e maravilhoso.
F I M
Quando o texto abaixo foi escrito, no ano de 1950, o autor contava quinze anos de idade.
Com este "ensaio" sobre a Revolução Farroupilha, fruto de exaustiva pesquisa realizada na biblioteca do colégio onde cursava o 4o. ano do ginásio, participou de um concurso de oratória proposto pela escola, revelando-se grande orador.
A apresentação tocou a platéia que o assistia, empolgada. Não venceu, mas fez despertar em muitos, ali, naquele momento, o sentimento de orgulho de ser do Rio Grande...
Com este "ensaio" sobre a Revolução Farroupilha, fruto de exaustiva pesquisa realizada na biblioteca do colégio onde cursava o 4o. ano do ginásio, participou de um concurso de oratória proposto pela escola, revelando-se grande orador.
A apresentação tocou a platéia que o assistia, empolgada. Não venceu, mas fez despertar em muitos, ali, naquele momento, o sentimento de orgulho de ser do Rio Grande...
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2 comentários:
Praticamente um "depoimento".
Conta a história como se presenciasse os fatos.
Parabéns pelo texto.
Um grande abraço de um gaúcho que está distante, mas que não perde as raízes!
Excelente texto! Um verdadeiro passeio por toda a história da Revolução Farroupilha.
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