
Junto à barraca de Canabarro, todavia, no topo de um alto mastro, ainda se agitava, batida pelo vento do sul, a bandeira de Piratiny. Aquela mesma que fora testemunha de todos os grandes acontecimentos da República Riograndense. Que servira de pendão nos combates e símbolo nas solenidades. Que assistiu às sessões da Assembléia Constituinte. Nas lutas memoráveis que presenciou, cobriu-se do pó das estradas e do fumo dos canhões. Palpitou, vibrante, aos ventos do mar alto e desbotou-se ante as chuvas de inverno. Foi rasgada pelas espadas adversárias e mil vezes mutilada pelas balas inimigas. E sempre ereta, e sempre galharda. E sempre imponente e sempre majestosa se conservara, como naquele derradeiro instante de sua significação.
Canabarro, comandante em chefe do exército farroupilha, na sua última ordem dessa qualidade, ordena o arreamento do pavilhão invicto. Caxias, no seu mais fidalgo gesto, como homenagem à bravura e à lealdade dos seus antigos contendores e, agora, seus amigos e companheiros de armas, transmite a primeira ordem como comandante de todas as tropas que ali se acham: “Sentido!”
E, quando, devagar, majestosamente, solenemente, imponentemente, a bandeira tricolor vai descendo do seu alto mastro, enquanto os clarins vibravam e os tambores rufavam, Canabarro e Caxias, profundamente emocionados, apertam-se as mãos leais, num gesto simbólico da união indissolúvel entre os filhos desse Brasil imenso, imenso e lindo, lindo e maravilhoso.
F I M
2 comentários:
Praticamente um "depoimento".
Conta a história como se presenciasse os fatos.
Parabéns pelo texto.
Um grande abraço de um gaúcho que está distante, mas que não perde as raízes!
Excelente texto! Um verdadeiro passeio por toda a história da Revolução Farroupilha.
Postar um comentário